terça-feira, 4 de maio de 2010

A porta

Foto: Fabiano Trichez

"É muito mais fácil matar um fantasma do que
matar uma realidade." - Virginia Woolf


As portas estão cada vez maiores
E as oportunidades menores
A beira da escada
Exitem tantos motivos
Que um abismo separa o abrigo
E deixa-nos sentados

Com frio
Com fome
Com medo

A sombra no canto da porta
Tem a esperança
Que os muros sejam menores
E que ao menos haja espaço
para os sonhos
Porém, há uma barreira

Sem piedade
Sem horizontes
Sem conveniência

Aliás, inconveniente
Presença censurável
De um mundo que tem todos os
números um
E não tem espaço para mais nenhum
Inviolável

Proibido entrar sem camisa
Proibido correr
Proibido cruzar esta cerca

Estamos cada vez mais esfomeados
Do tamanho da nossa fome
Vemos mais o anúncio
Do que o nosso estômago
E comemos os programas

Fome de novela
Fome de desenho animado
Fome de telejornal

Mesquinhos, continuamos sentados
Assistindo do nosso sofá
Enquanto outros sentam no cimento
Com os olhos cegos
de fome e a boca seca de ver

Faltam portas
Faltam janelas
Falta teto

E o nosso olhar de avestruz
Esconde-se no buraco da ignorância
Nós continuamos sentados
e eles continuam sentados
Esperando a porta abrir

Mayara Floss

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