quarta-feira, 28 de julho de 2010

(Inspiração)

Foto: Fabiano Trichez

Há tanta inspiração
Que tenho respirado muito
E inspirado pouco
Deixo meus pulmões
Repletos
Minha garganta cheia de palavras
E minha mente apenas
Respirando
(Inspirando)
Tudo pode entrar pelo meu nariz
E sair pelos meus olhos
Mas meus poemas
Não enxergam nada
Não sentem nada
Não pulsam
Mudos, cegos e surdos
Apenas respiram

Mayara Floss

domingo, 11 de julho de 2010

Ressaca

Foto: Fabiano Trichez

Com que desamor
Ou obstinada paixão
Deixam-se derramar
Os loucos suícidas

Não pela morte
Não pela vida
Mas pelo mar

Vi a lua se afogar
várias vezes
E continuar a refletir
Os raios do sol

Vi os barcos afundarem
Na turgidez marinha
E navegarem de volta
Contra todas as apostas

Vejo ainda
O sol morrer a cada horizonte
E renascer todas as manhãs

Vi as luzes flutuando
Nas águas calmas
encostando em minh'alma

Passaram os aniversários
As velas, os bolos
Enterrando a maré de histórias

E de todas as tortas estatísticas
Ou gauches probabilidades
O mar continua no mesmo ensejo

Abraçando a areia
e trazendo pirata tudo de volta
Na ressaca dos corsários perdidos

Mayara Floss

sábado, 10 de julho de 2010

Trabalho Aleatório



Saindo um pouco da rotina do blog, um pouco de música. Eu tocando balde e o meu amigo-colega tocando violão na música "O anjo mais velho" do Teatro Mágico. O som não ficou muito bom, mas espero que gostem.

Mayara Floss

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Dignidade

Foto: Fabiano Trichez

Na sincronia das cidades
Dos uniformes preto-branco
(a salvo algumas crianças coloridas)
Varrem, laranjas a sujeira dos outros

Sacolas sobrevoam a calçada

Aliás até o céu tornou-se cinza,
Acostumado com o asfalto

Tocos de cigarros

Há mais dignidade nestas mãos
Que limpam a sujeira dos outros
Do que naquelas de terno e gravata
Trabalhando com as contas mais sujas

Calçados impecáveis

O que menos chega ao chão são folhas
As sombras são de concreto
E o frio é a falta de calor
Que passa pelo coração da cidade

Publicidade amassada

Só eles sabem o quanto suja
As pegadas sicronizadas,
Nossos corpos de plástico,
E varrem nossa alma de papel

Mayara Floss
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