quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Poesia


Dizem que poesia
Rima com azia
Prefiro que poesia
Rime com música.
Música sem poesia
fica pela metade.

Mayara Floss

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Trabalho Musical

Foto: Fabiano Trichez

Caros,

É com satisfação que venho trazer mais uma boa notícia a vocês. Hoje, eu e o meu grande amigo Arnildo criamos um espaço para divulgar nossas músicas e trabalho. Abrindo para download nossa primeira música gravada intitulada "Frações", antes de começarmos a cantar, recito como introdução o poema "Frações". Bom podem acessar os site: http://tramavirtual.uol.com.br/artistas/arnildoemayara e http://palcomp3.com/arnildoemayara/ . Em breve abriremos novos espaços de divulgação.

Feliz,

Mayara Floss

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

De mão em mão

Foto: Fabiano Trichez

O chocalho na mão, o irmão mais velho com o violão atrás, a irmã ao lado batendo com os pés no chão, ele com chinelo de dedo marcando o ritmo. Os cabelos negros escorridos e o canto em uníssono das pequenas vozes pueris e o irmão mais novo com o cesto na mão, passando de mão em mão.

Cantam com o “instrumento colonial” o canto dos seus ancestrais em troca de moedas, de mão em mão.

A mãe, logo atrás, sentada encostada na parede de um Banco, uma criança no colo enrolada; em alguns panos, de um lado, um tapete estendido no chão com pequenos artesanatos em madeira – pulseiras, onças e tucanos (animais que há tempos não aparecem no concreto da cidade) – do outro lado cestos de palha.

Enquanto os “filhos grandes” elevavam seus cantos acima das buzinas a mãe calada escuta o choro do filho mais, mais novo e oferece o peito para recém-nascido. A criança abria e fechava a boca como um peixe, e abria e fechava as mãos em procura e encontrava o silêncio em meio a tudo e a todos.

Passavam outras mães com carrinhos de bebês, mamadeiras, leite em pó, protetor solar, fraldas descartáveis. E ali, no chão, encostada na parede do Banco, a mãe deixava o líquido branco que protege alcançar seu filho. Era um mamar de desespero e paz.

Passavam as mulheres apressadas também, reclamando. Sempre se esqueciam de tirar algum objeto de metal para entrar no banco, tinham que tirar até as pulseiras, um absurdo. Pior eram as moedas, infinitas que se abrigam no fundo da bolsa e não as deixam passar pela porta giratória, sem contar o constrangimento que é ficar trancando entre a calçada e o granito.

No entanto, poucas moedas chegavam àquelas mãos. Mas, no meio de tanta insatisfação, encostada na parede do Banco, a mãe amamentava e os pequenos continuavam mendilouvando de mão em mão.

O recém nascido pararia de mamar, cresceria, se tornaria o filho mais novo (mas não tão novo), passaria pedindo moedas, cantaria e bateria os pés, tocaria chocalho e depois violão...Pena, a parede do banco continua sendo o abismo entre o chão de granito e a calçada.

Mayara Floss

domingo, 16 de janeiro de 2011

Essência


Enrolo-me por estes lençóis
Envolta por este sono
Tenha santa paciência
Mas estas sombras de sonho
Tocam-me a pele
Nem tanto sonhadora
Estendi-me no varal
E coloquei-me no fundo da caixa
Para companhia das outras pessoas
De papel e imagens
Estátuas do tempo, roubaram-me
o sorriso nesta caixa e fugidias
Decidiram tomar meu lugar
De pele e pano
Não tão Emília, foram embora
e as dobras da minha mão
Não passam de lençóis amassados

Mayara Floss

domingo, 9 de janeiro de 2011

Procura-se


Meu filho
Meus filhos.
Ficaram em alguma esquina
Perdidos por algum cartaz
E de lembranças revistos
Relatados por muitos vizinhos
Muita informação
Muita polícia
E silêncio
Minha filha
Ficou presa na fotografia
Que tanto vejo
E não sinto
Que tanto sinto
E não vejo
Não renegue as minhas lágrimas
Porque teu filho tu sabes o destino
Aqui sigo sem saber de meu filho
Nem sou pai, nem mãe
Sou órfão de filhos
Procura-se alguém perdido
E por favor,
Minha fé diz que está vivo

Mayara Floss

sábado, 8 de janeiro de 2011

Preconceito



__ Preconceito
__ Pré-conceito
_____ conceito
_____ com
_____ conceito
_ Sem conceito



Mayara Floss - In: Falta um poema...

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

E se.


O mundo mudou, mas as manhãs de janeiro continuam iguais.

Antigamente tudo era melhor. E os preços subiram. A fila não anda. O governo só faz política. A cidade está horrível. Ninguém me compreende. Tenho que limpar a casa. Minha vida está uma bagunça. Meu corpo não está bom. Meu carro enguiçou. Tenho que pegar ônibus. O voo atrasou. Tenho que pagar as contas. E se eu ganhasse na loteria. E se não existisse tantas pessoas atrapalhando minha vida. E se eu trocasse de carro. E se eu pudesse pagar para alguém resolver isso. E se eu tivesse coragem. E se...

E se não existissem tantas hipóteses para um passado.

E se não existisse condições para o pretérito imperfeito do modo subjuntivo.

E se.
Mayara Floss
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