sábado, 7 de janeiro de 2012

Pensamentos online

Foto: Fabiano Trichez

Às vezes eu tenho medo do meu computador da internet. Dessa constante de todos terem vidas perfeitas e quererem agradar seja por uma foto no 9gag, seja pelas frases muitas vezes recortadas que se identificam. Muitas vezes, hoje, para você poder ter um sentimento você deve compartilha-lo (ou twitta-lo, enfim), se você está feliz você primeiro divide isso antes de sentir. Precisamos compartilhar antes de sentir.

Ao mesmo tempo deixamos acumular os e-mails na caixa de entrada, apesar de passarmos muito tempo na internet. Ainda, aquela sensação de estar sozinho em meio a uma multidão, afinal ficamos mais sozinhos (isso não significa que não haja interação).

Também, a desagregação da conversa, é conversar sem voz, conversar na internet. Você pode escrever sem ser interrompido sem ter os percalços de uma conversa com falas de voz. É mais fácil dizer “que ama e sente saudades” pelo computador. Paramos de prestar a atenção em quem está ao nosso lado quando estamos presos com esta tela é difícil conseguir se comunicar com pessoas reais quando o mundo virtual se desdobra na sua frente.

As fronteiras estão menores, estamos sempre conectados, mas esbarramos não só na fronteira da voz, mas também na dos relacionamentos. Quantas vezes nos sentimos desajeitados ao nos depararmos com a pessoa que trocamos milhares de palavras online? Tudo tem um preço. Até que ponto nossos relacionamentos não serão apenas retweets e botões de curtir?

E os avatares parte da personalidade e parte da subversão dela. Até que ponto nossa identidade real não se transforma em um avatar? Em uma projeção do que queremos ser para os outros e não do que somos na realidade. Todos tem fotos de lugares legais, de pedaços da sua vida (muitas vezes alinhadas em uma linha do tempo), festas, bares, pontos turísticos, atividades arriscadas para seus protótipos de vida perfeita e da necessidade de serem curtidos para serem reconhecidos.

Não quero ser antiquada, apenas acho necessário aprendermos que apesar de termos crescido e amadurecido com o mundo virtual, isto não quer dizer que este mundo amadureceu.

Mayara Floss

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Céu

Foto: Fabiano Trichez

O espelho nunca é o mesmo
Mas o céu,
Ah o céu,
Sempre é azul
E se a face não é a mesma
Os olhos, a pele, o coração.
O céu é o mesmo
Se a memória muda
E até os olhos mudam
O céu continua infinito
E imutável

O céu não tem idade
Mas mede o tempo
E continua eternamente azul
Mesmo com o colorido do entardecer

Por isso,
Quando pensares que possa
Esquecer-se de ti,
Olhe para o céu
Ele nunca
esquece o azul e o infinito
Mayara Floss
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