quarta-feira, 30 de maio de 2012

A Paz


Dê-me a mão amigo
e também meu inimigo
Façamos um ciranda
Dê-me a mão: as diferenças,
o cadeirante, o negro,
o cego, o surdo, o pobre,
o rico, a mulher, o homem,
o músico, o inteligente,
o idiota, o professor,
o aluno, o nobre, o palhaço,
o desnutrido, a criança,
o índio, você...
Dê-me a mão você
que é humano
E todos somos diferentes
E formemos um círculo
de mão em mão
Assim, se todos estiverem juntos
não sobrarão mãos
Para segurarem armas
nem munição

Mayara Floss

terça-feira, 29 de maio de 2012

Silêncio


Na sombra da cidade
ouço um sinal suave
um soar de esquina
de sentidos aguçados
uma estranha sensação
Sistemática de sons
que associam-se
- sussurando.

Saboreando o anoitecer
e nesse ser
Um sonho que parece adormecer
Um sonâmbulo de silêncio

Por um instante
As buzinas, os passos,
os abraços, os laços,
as conversas, as pressas,
as remessas, os cidadãos,
as armas, os carros,
as pessoas de todas as facetas,
e os passáros.

Silenciaram,
Como uma intolerância
Uma ânsia, uma desnutrição
Um sentido de são
Para reter-se
Diluir-se num segundo

E como um piscar
Um marasmo citadino
Tudo voltou a ressonar
silenciando o silêncio
soando nas ondas suavizadas
Reabsorvendo cada ser
como um salto para o asfalto
Mayara Floss

domingo, 20 de maio de 2012

Olhos


Por trás de cada olho
Uma vida
E de cada vida
Um olhar
Como janelas
Que pulsam no tempo
Conforme o ritmo
De sua história
E no fim toda memória
Começa na retina
Com uma simples luz
Para a escuridão

Mayara Floss

sábado, 12 de maio de 2012

Poema quadrado


Sabe, queria um poema quadrado
Reto sem beiradas
Sem curvas, sem nada
Queria uma vida quadrada
Para não precisar me assustar muito
Nem me movimentar muito
Nem nada muito
Também nem nada menos
como um quadrado
Reto, quatro lados e pronto.
Qualquer régua resolve isso
E não me veia com:
"nenhum quadrado é perfeito".

E quanto mais eu matematizo
Mais a geometria foge do controle
Porque
A nossa casa pode ser um quadrado
Mas ela não se limita a isso
O nosso olhar pode ser quadrado
Mas os nossos olhos não
Que a arte pode ser quadrada
A borda do quadro
Todos enquadrados

Vejo todos do meu lado
Retos e quadrados
Formados e sem variações
A-l-i-n-h-a-d-o-s
Quatro arestas e quatro pontos

Aí olho para mim
E é uma bagunça
Juro!
Completamente sem formato
E aí não é que a ela tenha
mais sentido
Ela só tem mais emoção
E é humana

Mayara Floss

domingo, 6 de maio de 2012

Uma pequena fração do tempo


O tempo é a fração mais preciosa da vida. Ele é o bem mais limitado, escasso e importante. Justamente, porque ele passa, e se deixares, simplesmente irá passar. Podes ter mais dinheiro, mas nunca poderá ter mais tempo. Pode ter mais momentos de prazer, mas nunca poderá ter mais tempo. Dessa forma, o melhor tempo é o que dividimos com as pessoas. Porque esse é o tempo que nos enche de lembranças. Posso lembrar que estudei muito na minha faculdade, mas as horas deste tempo ficam condensadas. Enquanto as lembranças e o carinho pelas companhias ficam desenhados nas pedras da memória. As outras horas são como desenhos na areia. Talvez esteja na hora de perdermos as horas. Não que as horas nos percam, mas porque a nossa retidão de horários e agenda não serão lembrados. E quando o tempo passar, o maior conforto continuará sendo as lembranças e as pessoas. Aliás, pessoa segundo a definição do dicionário é uma criatura humana, um personagem, uma personalidade, uma individualidade e uma categoria gramatical – e as terminações e definições nunca terminam. Pode ser, também um ser moral ou jurídico. Ainda,  uma fração de tempo pode ser uma pessoa. Se eu, tu, ele, nós, vós ou eles somos primeiras, segundas ou terceiras pessoas. O que importa não é o sujeito, é o envolvimento do tempo e das pessoas. Marque um horário, mas não se marque por um horário.  O tempo é a fração mais preciosa da vida e o despertador ainda toca. 

Mayara Floss

sábado, 5 de maio de 2012

Mês de maio, mês do preto-e-branco



Costuma-se usar Preto e branco, Branco e preto, ainda P&B, PB, B&W, BW para algo que possui apenas tons de cinza, variando do branco até o preto. Este mês as fotografias e textos serão em preto e branco. Talvez não yin-yang, nem xadrez, nem as teclas de um piano  e nem ponte preta, botafogo ou santos. Mas será preto e branco. Como a vida que perde a cor, ou a cor que ganha vida em opostos. Prometemos, a vida mais viva, em preto e branco, branco e preto, negro y blanco, blanco y negro, como preferirem, as cores desse fotógrafo e dessa poeta vão estar como uma janela na noite mais escura, ou  no dia mais claro.

Espero que gostem,

Mayara Floss e Fabiano Trichez
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