terça-feira, 20 de novembro de 2012

Os trabalhadores “sem cabeça”


Depois de alguns dias do Encontro Regional dos Estudantes de Medicina em Santa Maria que aconteceu do dia 18 de novembro de 2012, almoçando e jantando no restaurante Universitário da Universidade Federa, de Santa Maria (UFSM), percebi que a discussão era ótima. Porém, ao agradecer à senhora que servia comida no meu prato eu não recebia nem um olhar, ela continuava com a cabeça baixa.

Aqui no Restaurante universitário é o local no qual a nossa fome é saciada. Saciada, inclusive, pela comida ou pelo trabalhador que faz a minha comida? Neste lugar, eu saia como uma linha de produção, tinha que comer rápido. No primeiro dia, acostumada a comer devagar a luz foi desligada para me acelerar e ainda escutei por um aterrorizante sistema de som que deveria levantar e terminar de comer para poderem fechar as portas. Enfim, chegava o momento de colocar os restos da minha alimentação (para auxiliar na dinâmica e serviço dos trabalhadores, como acontece na maioria dos Restaurantes Universitários). Primeiro havia um balde  para colocar os restos de suco, depois uma lixeira para os guardanapos, depois um local para colocar os talheres, entregar o prato, colocar os copos de suco e, por fim, deixar a bandeja.

Ali tinham vários trabalhadores “sem cabeça”, havia uma parede branca que me permitia ver só as mãos deles, colocava os talheres e via mãos recolhendo, colocava o prato e passavam mãos para pegá-los e várias mãos até o final da linha de produção. Eu sempre agradecia conforme eles iam pegando meu prato, talheres, copos... E no meu último obrigado a um desses trabalhadores um homem se abaixou de maneira canhestra e olhou por baixo e disse “obrigado”. E eu me abaixei e fiquei olhando para ele, por aqueles segundos de olhar que transmite muitos sentimentos. Os trabalhadores ali  aparentemente não pode nem interagir com os acadêmicos.

Me falaram que passam pelo restaurante aproximadamente 8000 alunos por refeição. E ninguém se importa em agradecer, trocar um sorriso, conversar com aquelas pessoas que ficam “sem cabeça”. Eles não cumprimentam, parecem que não tem rosto! Parece que nós não temos rosto! E assim seguimos, vivendo de resignação e sucesso?

Mayara Floss

Um comentário:

  1. Superioridade e inferioridade são sentimentos estimulados ao extremo. Como o egoísmo e a competitividade. Talvez por isso uma das maiores dificuldade é criar em nós mesmos o sentimento da igualdade - em humanidade -, a solidariedade irrestrita, o prazer em causar benefícios e a paz de evitar causar qualquer tipo de malefícios. No entanto, o valor está no difícil, embora sejamos levados a procurar ansiosamente o fácil - que, no final das contas, nos fragiliza.

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