sábado, 23 de novembro de 2013

Silêncio

Foto: Fabiano Trichez

Se a vida tivesse um som
um único som
seria o silêncio
A sinfonia silenciosa
de aguardar um som
Ficaríamos suspensos
na música muda do coração
Na busca constante
por um barulho
Escutaria o silêncio
de um tambor
Deixaríamos a música que nos rege
Tocar silenciosa
Vibrando
O ritornelo do tempo
Se repetiria em uma melodia de silenciosa
E o som nem precisaria de diminutas
Seria ausência
E de tanto vivermos sem som
Escutaríamos a música do silêncio

Mayara Floss

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Suspensa

Foto: Fabiano Trichez

Com as olheiras profundas
No verde mate
Que cevo como um cais
Na cuia o peito aberto
De saudade
Enquanto a água quente
Desce como um aconchego
Para verdejar os bons tempos
E acalmar o desassossego
Eu poeta de pampa
Longe de casa
Mas perto do mar
Nessa lagoa infinita
Olho para longe
E nessa pressa
Respiro em paciência

Mayara Floss

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

A correria

 Foto: Fabiano Trichez

    Ultimamente converso com todos e todos eles estão "na correria". Eu estou na correria. A correria se tornou um estado muito produtivo, muitas pessoas estão vivendo nela. Como você está? Na correria!
  
    A correria é próspera uma forma agitada na qual todos tem passos apertados. Todos estão ligados nos seus celulares, tablets, e computadores, tudo cronometrado. O afeto está corrido também, porque afinal tudo é uma correria.
  
    São metas a serem cumpridas, o tempo está economicamente reduzido. A correria só faz os compromissos aumentarem com juros e correção. E as amizades funcionam no intervalo, o amor é para os intervalos porque a sua vida está ocupada. De repente a sua agenda é mais interessante e justifica toda a falta de sentimento pela correria.
  
    Sair? Desculpe mas estou na correria. Ler? Tudo uma correria, não sobra tempo. Alimentar-se bem? Pois é, o almoço está corrido. Amigos? Bem que eu queria, mas sabe, uma correria.
  
    A correria se tornou a desculpa moderna perfeita para colocar os afazeres dentro dos ponteiros. E quando você senta, não ousa ficar sem olhar para o relógio e se espanta quando vê o tempo passar, realmente uma correria!
  
    Tudo toma muito tempo, e o tempo toma tudo. E toda calmaria precede uma correria interminável. E assim seguimos de correria em correria, numa lógica (im)produtiva , inconsciente, mecânica e corrida.

Mayara Floss

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Mudança


Dedicado a Paula

    Eu tenho uma irmã que está no auge dos seus 17 anos e com todos os dilemas que os 17 anos podem trazer juntos , o que inclui: ENEM, vestibulares, cabelos, roupas, unhas, estudos, saúde. E vai além disso, tem: pais, família, exigências. E tem eu que sou sua irmã que faz várias coisas ao mesmo tempo e que por eu ser seis anos mais velha gera mais cobrança nela que ainda está colocando as coisas no lugar.
    E bem, ela me pediu para escrever para tentar conseguir um livro autografado do Depois dos 15, acredito que ela poderia fazer isso melhor do que eu, mas enfim, decidi ao invés de rejeitar instantaneamente a ideia, arriscar. Não somos a dupla de irmãs perfeitas, mas nos complementamos. Eu sou do tipo que se importa pouco com a aparência, muitas vezes nem me olho no espelho de manhã, não fico horas me maquiando, não assisto televisão, não como carne, são vários nãos... Ela gosta de levantar e fazer uma verdadeira produção matutina, planejar a roupa, o calçado, os acessórios, a maquiagem, e come carne.
    Bom, ela também gosta de me manter atualizada, porque o meu interesse pelas notícias diárias é pequeno, então ela faz um verdadeiro boletim quando nos falamos no telefone (porque moramos a cerca de 1000 km de distância) contando desde os resultados do meu time de futebol até as informações climáticas.
    Geralmente, quando falamos em mudar o passado, pensamos em algo que nos arrependemos. E esse post não combina com o desejo de mudar o passado (tirando algumas brigas de irmãs, algumas coisas que ela quebrou, algumas vezes que eu magoei ela – afinal não somos perfeitas), não desejo mudar o passado. O passado nos construiu e certamente a saudade não seria tão grande se fosse diferente.
    É a nossa história, desde eu dando Danoninho para ela quando pequena até trocarmos mensagens pelo celular, hoje. Mudar o passado, talvez não nos faria crescer tanto, quanto crescemos (inclusive quando ela me ultrapassou quase dez centímetros de altura). Quando ficarmos mais velhas, vamos lembrar mais dos momentos que nos fizeram melhor, mesmo quando eu quebrei o braço e ela caiu do brinquedo no colégio e ficamos uma com o braço enfaixado e a outra com curativos na testa, o que evidentemente nos fez mais cuidadosas. Ou quando viajamos sozinhas e tivemos que ser corajosas caminhando juntas pelo aeroporto enquanto nossos pais ficavam para trás. Ah, e ainda, eu, a desastrada, tive o cartão do banco clonado, e aprendemos a dividir os poucos dólares que sobraram no último dia de EUA.
    A vida não é feita de mudar o passado, se eu puder mudar alguma coisa, que seja o futuro. Não vão ser os curativos, os erros, as brigas, os medos, que quero mudar, isso já vivemos. Que seja mudar agora, e isso inclui esse post, e ajuda-la da melhor maneira possível a superar as dificuldades juntas. E que seja talvez escrevendo uma crônica para conseguir um livro autografado que ela certamente apostou que eu nunca escreveria.

Mayara Floss
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