quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Mudança


Dedicado a Paula

    Eu tenho uma irmã que está no auge dos seus 17 anos e com todos os dilemas que os 17 anos podem trazer juntos , o que inclui: ENEM, vestibulares, cabelos, roupas, unhas, estudos, saúde. E vai além disso, tem: pais, família, exigências. E tem eu que sou sua irmã que faz várias coisas ao mesmo tempo e que por eu ser seis anos mais velha gera mais cobrança nela que ainda está colocando as coisas no lugar.
    E bem, ela me pediu para escrever para tentar conseguir um livro autografado do Depois dos 15, acredito que ela poderia fazer isso melhor do que eu, mas enfim, decidi ao invés de rejeitar instantaneamente a ideia, arriscar. Não somos a dupla de irmãs perfeitas, mas nos complementamos. Eu sou do tipo que se importa pouco com a aparência, muitas vezes nem me olho no espelho de manhã, não fico horas me maquiando, não assisto televisão, não como carne, são vários nãos... Ela gosta de levantar e fazer uma verdadeira produção matutina, planejar a roupa, o calçado, os acessórios, a maquiagem, e come carne.
    Bom, ela também gosta de me manter atualizada, porque o meu interesse pelas notícias diárias é pequeno, então ela faz um verdadeiro boletim quando nos falamos no telefone (porque moramos a cerca de 1000 km de distância) contando desde os resultados do meu time de futebol até as informações climáticas.
    Geralmente, quando falamos em mudar o passado, pensamos em algo que nos arrependemos. E esse post não combina com o desejo de mudar o passado (tirando algumas brigas de irmãs, algumas coisas que ela quebrou, algumas vezes que eu magoei ela – afinal não somos perfeitas), não desejo mudar o passado. O passado nos construiu e certamente a saudade não seria tão grande se fosse diferente.
    É a nossa história, desde eu dando Danoninho para ela quando pequena até trocarmos mensagens pelo celular, hoje. Mudar o passado, talvez não nos faria crescer tanto, quanto crescemos (inclusive quando ela me ultrapassou quase dez centímetros de altura). Quando ficarmos mais velhas, vamos lembrar mais dos momentos que nos fizeram melhor, mesmo quando eu quebrei o braço e ela caiu do brinquedo no colégio e ficamos uma com o braço enfaixado e a outra com curativos na testa, o que evidentemente nos fez mais cuidadosas. Ou quando viajamos sozinhas e tivemos que ser corajosas caminhando juntas pelo aeroporto enquanto nossos pais ficavam para trás. Ah, e ainda, eu, a desastrada, tive o cartão do banco clonado, e aprendemos a dividir os poucos dólares que sobraram no último dia de EUA.
    A vida não é feita de mudar o passado, se eu puder mudar alguma coisa, que seja o futuro. Não vão ser os curativos, os erros, as brigas, os medos, que quero mudar, isso já vivemos. Que seja mudar agora, e isso inclui esse post, e ajuda-la da melhor maneira possível a superar as dificuldades juntas. E que seja talvez escrevendo uma crônica para conseguir um livro autografado que ela certamente apostou que eu nunca escreveria.

Mayara Floss

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